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Janeiro 2021

YOGUI LIFE | A Relevância de um professor

By | YOGUI LIFE

A RELEVÂNCIA DE UM PROFESSOR
UM PROFESSOR É, EM PRIMEIRO LUGAR, UM ALUNO COM MAIS EXPERIÊNCIA. 

São diversas as necessidades que motivam uma pessoa a iniciar uma prática de Yoga e cada uma dessas necessidades contém em si a pertinência do tema deste texto – a relevância do Professor de Yoga.

Em tempos onde um clic dá acesso a um infinito número de aulas oferecidas por qualquer figura, em qualquer plataforma digital ou rede social, por valores irrisórios ou até gratuitos, a figura do professor de Yoga parece ter-se tornado totalmente descartável.

A prática, agora reconhecida e promovida em formato “DIY”, como acontece aliás com qualquer coisa, está na moda. Se veio para ficar? Talvez.

“A relação professor/aluno deixa de existir quando o aluno se posiciona como cliente e vê no professor não uma inspiração mas um prestador de serviços, igual a tantos outros disponíveis para o servir.”

Estamos muito longe da relação de respeito professor/aluno descrita nos Vedas e durante tantos anos praticada. O professor, seja qual for a sua área, é visto actualmente como um prestador de serviços altamente dispensável e facilmente substituído e o aluno veste agora o papel de cliente que pretende estabelecer o valor do professor e a sua forma de ensinar. Enquanto a relação aluno/professor for vista como relação cliente/prestador predominará a insustentabilidade do sistema educativo e seguramente a transmissão do Yoga para além do asana. Principalmente porque ao Professor de Yoga não interessa ensinar asana mas ajudar o aluno a realizar a auto-transformação que o trará a um novo paradigma de Vida: Viver pleno e responsável pelas suas acções.

  • Qual a relevância de um Professor de Yoga na actualidade?

O Professor de Yoga não é um arquitecto de asana que pretende deixar tudo lindo e alinhado. O Professor de Yoga está mais para engenheiro de obra que percebe o asana como espelho dos desafios, padrões e história pessoais que bloqueiam ou dificultam o caminho para o auto-conhecimento. Para ser Professor de Yoga não basta, apesar de ser importante, saber fazer e demonstrar a postura, isso seria altamente redutor e não muito diferente de um professor de ginástica, artes circenses ou BTS. Para ser Professor de Yoga há que conhecer a postura sim mas acima de tudo perceber o seu funcionamento na engenharia interior do corpo humano e enquadramento no corpo de conhecimento do Yoga. Há ainda que saber adequar o ensinamento à maturidade de quem o procura e ter a paciência e sabedoria de o transmitir ao ritmo de aprendizagem do aluno. Não basta ser versado em técnicas pedagógicas e didácticas e um pouco de psicologia comportamental. Para ser Professor de Yoga é necessário ter andado por este caminho, ter passado tempo neste caminho e sobretudo tê-lo feito com um bom guia.

Ser Professor de Yoga não é uma tarefa tão fácil como parece. Ao ensinar novos professores de Yoga percebo que muitos deles não são sequer ainda praticantes. Na verdade muitos não são sequer alunos. O curso de Yoga serve nestes casos apenas como uma porta de entrada tão válida como as aulas regulares de Yoga. Não se trata de desvalorizar a formação de Yoga nem de enaltecer as aulas de asana, trata-se sim de deixar claro que o entusiasmo em aprender deve ser o grande motivador para iniciar a prática de Yoga. O que começou por um desafio ou necessidade vira rapidamente um encantamento e é bom que assim seja. Mas isso é apenas o início. Existem coisas que não se aprendem, não se ensinam e uma delas é a ser Professor de Yoga. Para ser Professor de Yoga é fundamental ser sobretudo um aluno, um aluno disciplinado na prática, no estudo, na exposição ao ensinamento e ter um Professor, num reconhecimento humilde de quem não sabe tudo e honestidade em relação àquilo que se sabe.

Além disso, é desejável manter uma atitude de desapego perante o aluno, perante o acto de ensinar. O ensinamento não depende apenas de quem ensina, depende da disponibilidade de quem aprende. O processo não depende apenas do professor mas também do aluno e o aluno é uma pessoa em transformação. Todos os dias diferente, todos os dias livre. Nunca nosso.

Um professor necessita também ele de um Professor. Um Professor que espelhe as armadilhas em que facilmente se cai. As armadilhas do auto-julgamento por “vestir” as expectativas, projecções e frustrações dos alunos. As armadilhas da auto-promoção por cair na ilusão da vida social digital que confunde a relação professor/aluno como uma relação cliente/prestador. As armadilhas do ego que nos fazem esquecer que somos alunos, pessoas normais que também estão no processo de ensino aprendizagem como aprendizes, tentando e dando o melhor de si como professores.

Como professora, creio que o maior dever é incentivar e entusiasmar o aluno a praticar sem medo de se descobrir, de se transformar. Como “mãe” claro que me toca quando um aluno parte e procura outro professor mas como Professora de Yoga sei que fiz um bom trabalho porque o Yoga despertou, germinou e agora simplesmente mudou de lugar. Assim como uma planta às vezes precisa ser transplantada, mudada de sítio, apanhar uma outra luz ou ar, também alguns alunos precisam de mudar. Não reconhecer essa necessidade é esquecer o meu percurso como aluna e a minha responsabilidade como professora. Na verdade, todos nós como alunos almejamos encontrar o professor perfeito. Na verdade, todos nós como pessoas almejamos sempre mais do que o que temos no presente, olhamos sempre para a relva do vizinho como mais verde que a nossa e nesse momento pulamos a cerca, mudamos e acabamos por desvalorizar o que tínhamos. O tempo se encarregará de mostrar se essa mudança foi de facto necessária ou se foi uma muda, um trasplante precoce. A atitude perante essa constatação vai definir se, como alunos, perdemos o professor ou nos perdemos..

  • O que faz de um professor de Yoga o teu Professor de Yoga?

Não é preciso estar muito atento para perceber que um instrutor de asana, um “self made asana teacher” pode ser uma boa oportunidade de contactar com algo que eleve a auto-confiança, a auto-estima e até dar o “boost” necessário para a responsabilização de uma prática física diária que higienize o corpo mas serão estas pessoas capazes de transmitirem técnicas e vislumbres do que seja essa experiência de realização através do Yoga?

Os instrutores são importantes, eles abrem portas mas quando o Yoga despertar vais sentir necessidade de Professor que conheça a direção, reconheça o teu posicionamento e tenha a experiência e liberdade para te ajudar a caminhar sem fazer do teu caminho a sua conquista.

Este texto não pretende apontar ou criticar escolhas, mas sim partilhar uma perspectiva pessoal sobre o empenho pessoal e profissional que vejo nos Professores de Yoga que dedicam as suas vidas, em exclusivo, ao estudo e partilha do conhecimento védico que traz sustento a uma prática séria, actualmente tornada salubre no conteúdo.

A partilha de uma perspectiva actual de profissionais que durante anos foram reconhecidamente fortes alavancas de grandes mudanças e que actualmente são preteridos não por irrelevante impacto na vida de quem os procurou mas simplesmente por referência financeira ou popularidade nas redes sociais.

A partilha de quem se preocupa em conhecer cada aluno como uma identidade pessoal, familiar e social única e percebe a sua acção com uma responsabilidade, um dever, que ultrapassa os limites da sala de aula.

Encontrar um Professor de Yoga que conheça a tua história, te trate pelo teu nome próprio e se interesse genuinamente pelo teu processo e não apenas pelos 60 ou 90m de aula é de fundamental importância quando perceberes que para evoluir necessitas reconhecer e desafiar os padrões que geram em ti condicionamentos, constantes.

Sou Professora de Yoga. Não sirvo interesses de clientes, sirvo o interesse sincero das pessoas que me procuram e me vêem como uma inspiração no seu caminho. Sou assim porque os meus Professores são assim também e neles encontro a minha inspiração. Eu, mas isto sou eu, jamais condicionaria a minha condição de aluna ao número de seguidores que têm nas redes sociais (alguns só agora têm redes sociais), às fotos que possam postar sobre a capacidade de fazerem alguma postura (não é esse tipo de inspiração que procuro neles), ao valor que definem como justo para a sua transmissão (mesmo que muitas vezes isso me condicione o número de práticas não condiciona a minha lealdade), os seus horários (e às vezes são mais de 4h de diferença).  O meu dharma é ser professora e vejo nesse dharma a responsabilidade incrementada de ser aluna pois só inspiramos crescimento no outro quando nos empenhamos na nossa própria aprendizagem.

Lara Lima
Fundadora do método BMQ, formadora da AMAYUR
Formadora reconhecida pela YOGA ALLIANCE
Terapeuta Ayurveda Sénior
Professora Sénior de Yoga.

    BELLY LOVE | M de Mulher, eu?

    By | BELLY LOVE

    O INÍCIO DE UM CAMINHO DE EMPODERAMENTO
    A PARTILHA DE UMA EXPERIÊNCIA QUE NOS PREPARA PARA SER… EU

    M de Mulher, eu?

    Quero começar este texto reivindicando, perante as minhas semelhantes, o direito de Ser Mulher algo que sempre defendi no meu trabalho com gestantes mas que muitas vezes me frustrou sem perceber a dificuldade das Mães em se posicionarem como mulheres quando o bebé nasce, quando ele cresce e até quando ele mesmo já é Mãe ou Pai.

    Por outro lado, quero deixar registado um sincero pedido de desculpas a todas as Mães que “critiquei” por me sentir frustrada em não as conseguir empedrar como mulheres quando achei que era a altura (quanta pretensão). Três filhos depois percebo finalmente o desafio mas felizmente sem resignação. Sou Mãe sim, mas também sou Mulher! (Apesar de poder demorar algum tempo até o perceber.)

    Quero ter a liberdade de me assumir como Mulher sem me sentir julgada e condenada no papel de Mãe. Quero ter a liberdade de me assumir como Mulher sem necessidade de pintar os lábios de vermelho ou lutar por direitos e deveres. Mas, acima de tudo quero mostrar a ti Mãe/Mulher que ser Mãe é apenas um papel do Ser Mulher. Um papel que podes ou não assumir, desejar ou realizar. Talvez seja o mais importante, talvez não. É um papel à tua medida e a tua medida é a única que te deveria importar pois para os teus filhos serás sempre a melhor Mãe do Mundo.  Agora Mulher, ter a liberdade de ser mulher é algo que devias conquistar essencialmente para ti, completamente dissociado de qualquer paradigma externo.

    Quero também mostrar a ti, único Pai que me lê, que a Mãe dos teus filhos continua a ser Mulher, e se ela não o vê, fá-la sentir-se de novo Mulher oferecendo-lhe tempo, atenção e oportunidade para o Ser.

    Para mim que sou Mãe, é fácil compreender que quando o dia termina a sensação é que não se fez o suficiente e que cinco minutos em silêncio debaixo do chuveiro são fundamentais para encontrar alguma paz. Juro que entendo o dilema de tirar um fim de semana para descansar sozinha, ir a um retiro, fazer um curso e a angústia de não ser a Mãe perfeita (?!) por estar a praticar yoga ou meditação em vez de os ter ido buscar mais cedo à escola ou não ter a casa arrumada.

    Como Mãe conheço a realidade dos bastidores e por isso te digo sem receio que no processo de Maternidade para além de amor, existe também o medo, a tristeza, a renúncia e os dias negros. Nem só de luz e sorrisos é feita a maternidade apesar de todos te quererem convencer disso e ninguém falar do outro lado abertamente.

    Seja nos grupos de facebook, no chá de bebé, nas conversas com amigas ou na noite de Natal, quando estás grávida todos te falam do amor incondicional e imensurável que irás sentir (amor esse que vem, não de imediato como te fazem crer mas a seu tempo, no teu tempo sem que te tenhas de sentir culpada ou forçada a senti-lo antes da sua chegada) e da renúncia normal de tomar um banho na hora desejada, de deitar e dormir quando e como quiseres, ires e vires de onde e quando quiseres. Desde o momento em que engravidas a sociedade faz-te crer que é normal o M de Mulher se doar por completo ao M de Mãe e que, ainda que a Mulher se perca nesse processo, ser Mãe faz tudo valer a pena deitando por terra qualquer argumento que possa vir à conversa se por vezes queremos reencontrar a Mulher que existe em nós.

    Na verdade aposto que existe em cada Mãe uma vozinha que já chorou baixinho a incerteza de ter tomado a decisão certa em dizer “sim” à maternidade e ao mesmo tempo um vozeirão familiar a berrar – “tens de aguentar agora que escolheste ser Mãe”, e no meio tu, Mulher.

    É certo que ser Mãe passa pela fase da renúncia da vida antiga, processo que varia de Mulher para Mulher, mas uma renúncia à vida antiga não é uma renúncia à Mulher e muito menos à Vida. A Mulher agora Mãe precisa aprender a renascer como Mulher Mãe e não Mulher versus Mãe.

    Neste renascimento da Mulher existem coisas de Mãe que vão ficar na vida da Mulher, que fazem parte do papel Mãe:

    • o “trabalho” não remunerado, chegando a ser um trabalho ingrato, que começa no momento em que acordas, e às vezes, nem sequer termina quando vais dormir;
    • as tarefas pendentes que apesar de iniciadas raramente são terminadas graças ao constante desvio de atenção;
    • os momentos de descanso quando estás por conta própria em casa são sonhos não a realidade, especialmente se falamos em fim-de-semana ou férias;
    • a lista interminável de tarefas num ciclo que nunca tem fim e se renova de dia para dia;
    • o julgamento constante de outros, quanto mais próximos piores, por deixares os teus filhos aos cuidados de outras pessoas para ires trabalhar, descansar, relaxar.
    • o acordar uma hora antes de todos para terminar alguma tarefa inacabada, começar uma tarefa nova ou para ter um tempo em silêncio;
    • o “segundo turno”, depois do trabalho e antes de chegar a casa, pagar as contas, fazer as compras do supermercado, fazer o serviço de lavandaria e claro, o serviço de táxi das crianças;
    • o “terceiro turno” trabalho de uma dona de casa que ao chegar do trabalho a casa ainda faz o jantar, dá banho e jantar aos filhos, e lhes conta histórias na hora de dormir.

    Assim é missão deste artigo te lembrar que neste nascimento da Mãe existem coisas de Mulher que deverão integrar a vida da Mãe, pois fazem parte do Ser Mulher:

    • reclamares um mimo, um beijo, um abraço, um presente e um obrigada;
    • ter hora marcada no cabeleireiro, na esteticista e na manicure porque sim;
    • chorar de amor ou simplesmente de emoção;
    • ser gentil, ser determinada, ser energética, ser ética;
    • cuidar da alimentação e da balança;
    • ter tempo para as amigas, para o cinema e para o bate perna;
    • gostar de namorar e comprar lingerie;
    • não perder um bom desejo de TPM;
    • lutar e acreditar na igualdade de género no trabalho e em casa;

    E acima de tudo lembrar que é normal fazer planos para tudo isto, incluindo os filhos no plano. Sim, ser Mulher é fundamental mas ser Mãe é uma marca registada que deu continuidade à Humanidade e que por isso passa de papel a um modo de ser, um estado de espírito, uma força vital!

    Lara Lima
    Fundadora do método BMQ, formadora da AMAYUR
    Formadora reconhecida pela YOGA ALLIANCE
    Terapeuta Ayurveda Sénior
    Professora Sénior de Yoga.

    DAILY AYURVEDA – História do Ayurveda do além tempo até aqui e agora

    By | DAILY AYURVEDA

    HISTÓRIA DO AYURVEDA
    – DO ALÉM TEMPO ATÉ AQUI E AGORA

    A história do Ayurveda, para além de longa, é mística. Escrevo mística porque está envolta de mistério no que diz respeito à sua origem se tivermos em conta a clareza, certeza e acuidade dos primeiros registos, datados de há cerca de 3500 anos antes de Cristo, nos Vedas. Apesar de haver referência ao conhecimento Ayurveda nos Vedas, nomeadamente Rig Veda, Ajur Veda e Atharva Veda, não existe a descrição deste corpo de conhecimento remetendo-nos para a ideia de que o conhecimento já existia de forma integrada naquela sociedade e cultura. Ora, a integração de um corpo de conhecimento numa cultura não é coisa para acontecer de forma fugaz e leviana, não antigamente pelo menos.

    É inegável que o Ayurveda tem origem em tempos imemoriais, tempos anteriores às dimensões tempo e espaço recentes quando os continentes tinham outros posicionamentos e o tempo se contava de outra forma que não associado ao nascimento de Cristo (até porque faltariam ainda uns milhares de anos para esse acontecimento). Assim, a história não tem registo ou memória da origem do Ayurveda originando um mistério que acabou por contar uma história semelhante a uma manta de retalhos, cheia de silêncios e padrões que não encaixam e que acabam por tornar a sua verdadeira origem pouco clara, diria até oculta. Por isso, na Índia se diz que o Ayurveda teve origem direta do próprio Criador (Brahm) e é considerado eterno, porque ninguém sabe realmente em que época ele ainda não existia. Tudo isso mostra sua longa tradição e a sua profunda ligação com a cultura indiana.
    Porém, se por um lado esse mistério e desordem atrai uns quantos, tantos outros questionam ou reduzem a história do Ayurveda apenas ao que tem registo, desvalorizando o Ayurveda no tempo e espaço, duas dimensões que sustentam o Mundo actual.

    O texto de hoje vem abordar a história do Ayurveda para além das dimensões: tempo, espaço e mundo como o conhecemos; e expor de forma clara a história da Medicina Ayurveda como o sistema médico mais antigo do mundo, pelo menos no que diz respeito ao Mundo como o conhecemos.
    A medicina ayurveda tem provas registadas de ser originária do vale do hindu, na zona agora registada geograficamente como India. Nestes mesmos registos, é referido que o conhecimento descrito, e não escrito, existia há já milhares de anos apesar de ser até então transmitido dentro de uma tradição oral de mestres para discípulos baseado na sabedoria eterna do povo, adquirida a partir de experiência e meditação sobre todos os conhecimentos que pudessem ser úteis à humanidade: engenharia, física, astrologia, biologia, toxicologia, filosofia, teologia, etc..
    Mas temos por missão, neste texto, esclarecer o que já foi concluído pela “ciência”, tratando-se por isso de algo “inquestionável” para a mente da sociedade actual, e não, fazer inferências ou comentários pessoais.
    A verdade é que ninguém sabe ao certo quando se desenvolveu a primeira civilização na India mas estudos actuais asseguram que, a civilização mais antiga de que se tem notícia – Harappa, surgiu por volta de 3000 anos a.C. Ora estamos a falar de uma civilização com saneamento, mercados de rua, termas, casas estruturadas, lugares comuns de lazer e recurso a ervas medicinais muito usadas no ayurveda. O facto desta civilização ser tão evoluída conclui per si que não seria a única nem a mais antiga civilização pelo que é de fácil deduzir que a primeira civilização se terá desenvolvido bem antes.

    Voltemos aos factos, esta cultura dominou o Vale Hindu por talvez 1500 anos até as invasões do povo Ariano, nómades da Ásia Central quem se se atribui a escritura dos Vedas. Apesar do Ayurveda ser referenciado no Rio Veda (o mais antigo dos vedas), Sama Veda, e Ajur Veda, é no Atharva-Veda que se reconhecem referências mais especificas sobre o Ayurveda. Posterior aos Vedas mas ainda alguns milhares de anos antes de Cristo surgem 6 grandes tratados médicos, entre eles o Charaka Samhita (tratado de medicina interna) e o Sushruta Samhita (tratado de cirurgia), escritos inicialmente para treinar médicos que se responsabilizassem pela saúde dos governantes dos reinos pois estes refletiam a saúde do estado e manutenção da estabilidade política.
    Foi na era de Gautama Buddha (563-483 a.C.) que o Ayurveda viveu a sua fase gloriosa, pois o próprio Buda era um grande estimulador de sua prática e estudo, excepção feita à prática cirúrgica por ser valor máximo do budismo a não violência (incluindo práticas cirúrgicas e investigação).

    No século III a.C., motivado pelos ensinamentos de Buda, Ashoka (imperador do norte da India) converteu-se ao Budismo e construiu hospitais de caridade, com setores de cirurgia, obstetrícia e problemas mentais, por todo o reino, não somente para seres humanos, como também para animais. E enviou emissários para países vizinhos, o que ajudou a difundir ainda mais o Budismo e o Ayurveda fazendo o Ayurveda chegar ao Sri Lanka. Durante os dois reinados posteriores, houve grande incentivo à prática da medicina Ayurveda com o governo a patrocinar hortos de plantas medicinais, construir hospitais e maternidades e punição de charlatões que tentavam praticar medicina sem permissão imperial. Em simultâneo o incentivo da prática estimulou o aprendizado tornando-se igualmente um período intelectualmente fértil com a construção de verdadeiras universidades onde eram ensinados, além do Budismo e da ciência védica, história, geografia, gramática, literatura sânscrita, drama, poesia, leis, filosofia, matemática, astrologia, astronomia, comércio, artes bélicas e medicina. A mais famosa destas universidades era a de Nalanda, que fechou portas por volta do século XII d.C., após quase 800 anos de funcionamento.

    A Era de Ouro do Ayurveda tinha chegado agora ao fim, ou perto disso.
    Entre os séculos X e XII, as repetidas e violentas invasões da India por muçulmanos levaram ao assassinato de monges budistas, destruição de universidades e bibliotecas. Aqueles que conseguiram escapar fugiram para o Nepal e para o Tibete levando os poucos textos ayurveda que conseguiram (alguns destes preservados até hoje apenas na tradução tibetana, daí o equivoco de associar a medicina tibetana a algo diferente de Ayurveda).
    No século XVI, Akbar, o maior imperador mongol, notavelmente esclarecido, ordenou que todo o conhecimento médico indiano fosse compilado, contribuindo ainda mais para a preservação do Ayurveda.
    Durante os séculos XVI e XVII, quando foram abertas as rotas para o Oriente, os europeus, difamam a sabedoria tradicional sugerindo esta ser a causa do “atraso” no desenvolvimento da India. O resultado foi que, após 1835, com a India sobre domínio europeu, somente a medicina ocidental tinha reconhecimento legítimo sendo a cultura e a medicina indianas ativamente desencorajadas e a tradição do ensinamento oral de mestre para discípulo quase perdida.

    No início do século XX, com a ascensão do nacionalismo indiano, a arte e a ciência indianas ressurgiram e o Ayurveda voltou a renascer. Atualmente é um dos seis sistemas médicos reconhecidos na India: Ayurveda, alopatia, homeopatia, naturopatia, Unani, Siddha (variedade de Ayurveda praticada ao sul da India) e o seu sucesso no mundo atual é inquestionável.

    “O Ayurveda tem origem em tempos imemoriais, a história não tem por isso memória da sua origem pelo que contaremos aqui a parte de que há memória ou/e registos.”

    Agora sim partilho o que me apaixonou por este corpo de conhecimento: primeiro, a sua história de quase 5.000 anos de tradição rompendo as barreiras impostas pelo tempo e pelas fronteiras culturais, sobrepondo-se a todas as transformações sociais, políticas e científicas que aconteceram entretanto; em segundo lugar o facto do Ayurveda não só se manter vivo no seu local de origem, mas a forma incrível como sem necessidade de se impor, invadir, descontrair outros sistemas, se expande pelo mundo e se insere naturalmente na vida dos mais diversos países do mundo; e em terceiro lugar, a capacidade evolutiva do Ayurveda e sua humildade de se aceitar “reconhecida” dentro do conceito de ciência e inserida no meio académico moderno, apesar de todos os preconceitos e separatismo de que ainda é alvo por parte da ciência moderna.

    [ Lara Lima ]

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    YOGUI LIFE | Não precisas ser vegetariano, calmo, passivo e saudável para iniciar o Yoga

    By | YOGUI LIFE

    YOGUI LI

    YOGUI LIFE

    SEJA QUAL FOR O DESAFIO O YOGA AJUDA
    TABU: NÃO PRECISAS SER VEGETARIANO, CALMO, PASSIVO E SAUDÁVEL PARA INICIAR O YOGA

    Muitas pessoas descobrem o Yoga em algum momento de necessidade. Surge quase como um conforto, mas acaba por mudar a vida de forma natural e espontânea.

    Comigo aconteceu um pouco diferente.

    Desde que me lembro que tinha necessidade de me sentar no chão, andar descalça e mexer nos pés (o que irritava profundamente a minha Mãe) e fazer uns movimentos com o corpo que não sendo uma dança eram algo muito semelhante. Adorava brincar com a respiração e fazer movimentos com a barriga e os olhos que todos me diziam ser uma patetice. Uma vez viram-me a fazer a “minha cena” na praia e perguntaram “praticas Yoga com quem?”. Passei-me, o Yoga era para mim, na altura, uma seita ou religião e eu estava muito zangada com a religião em que fui educada e por isso compararem algo que me trazia manha tranquilidade com algo que me confrontava não era uma equação possível.

    Muitos anos passaram e “puro acaso” na UTAD, em Barcelona, a única aula disponível antes de começar a trabalhar era às 06h e como sempre gostei de acordar cedo não foi difícil a escolha. Era uma aula de Iyengar e a minha relação com aquela prática tornou-se uma linda história de amor. Daquelas em que nos apaixonamos e queremos falar a toda a gente, estar todos os dias, investir todo o tempo. Como qualquer relação de amor também esta tinhas as suas crises, questionamentos e contratempos mas nada que a abalasse verdadeiramente e o interesse crescia. tornara-se evidente que queria viver esta relação para sempre por isso tratei de a formalizar e tirar o meu primeiro curso de Yoga.

    Seguiram-se vários e em 2 anos estava a dar aulas, a fazer dos fins‑de‑semana a “semana” de estudo e não foi preciso muito mais tempo para abdicar da minha carreira académica para me decidir a viver 100% com o Yoga.

    Tinha uma vida estável, uma carreira promissora e segura e um income financeiro muito confortável. Tudo isto associado à minha condição constante de pular entre interesses/paixões fazia com que família, colegas e amigos não acreditassem que era amor verdadeiro e tentassem destituir-me da minha decisão de largar tudo pelo amor ao Yoga. Já nada me satisfazia, o dinheiro, o reconhecimento, a carreira, os convívios sociais, o desporto e todas as invenções da indústria do fitness que durante alguns anos fizeram parte da minha vida profissional, nada servia.

    Confesso que actualmente a minha relação com o Yoga se transformou, fui Mãe, sou empresária, professora, terapeuta, mulher. O Yoga deixou de ter um lugar de destaque e enamoramento na minha vida e passou a fazer parte dela. Costumo dizer aos meus alunos que o Yoga é o meu relacionamento mais longo. tão longo que às vezes esqueço que está lá. Porque está sempre. Não me passa pela cabeça não acordar cedo para praticar nem deixar que o dia acorde antes de agradecer a sua chegada. Não me passa pela cabeça ler um romance ao olhar para a nova versão do Bhagavad Gita ou uma Upanishad. Não me passa pela cabeça uma vida diferente da que tenho e não, não sou “Shanti, shanti”, não dou a outra face quando me dão uma bofetada, não falo sussurrando, não tenho um ohm tatuado nem um japamala envolvido no pulso. sou vegetariana mas não como soja, tofu e não tenho especial afinidade com a evangelização do Yoga.

    “O Yoga não existe na minha vida para gerar conforto, apesar de o criar, o Yoga lembra-me todos os dias que a vida acontece aqui e agora.” Lara Lima

    Yoga não existe na minha vida para gerar conforto, apesar de o criar, o Yoga lembra-me todos os dias que a vida acontece aqui e agora. Que as dualidades existem e formam a unidade e que devemos fazer o que podemos a cada momento em vez de esperarmos momentos perfeitos para agir. E isso não é de todo, na maioria das vezes, confortável.

    Para os mais incautos o Yoga pode parecer uma filosofia demasiado cor de rosa, idealista, extremista, demasiado “namasté” e pouco real. Talvez, depende do ponto de vista mas falando desde o meu ponto de vista posso assegurar que o Yoga não existe na minha vida para gerar conforto, apesar de o criar, o Yoga lembra-me todos os dias que a vida acontece aqui e agora. Que as dualidades existem e formam a unidade e que devemos fazer o que podemos a cada momento em vez de esperarmos momentos perfeitos para agir. E isso não é de todo, na maioria das vezes, confortável.

    Para os mais atentos ao exterior o Yoga pode parecer um desafio circense de colocar o corpo em posições esquisitas com roupa desenhada em cenários paradisíacos mas, talvez devido à minha falta de atenção, posso assegurar que na maior parte dos dias a minha roupa não é slim e o cenário está entre um carro da patrulha pata e um estendal de roupa a secar.

    Para os moralistas o Yoga é uma filosofia (?!) que educa a mente a atingir um estado de calma no dia a dia que te faz ser a melhor pessoa do Mundo por não comer carne, cumprimentar com um namaste e abraço apertado e viveres uma vida quase que Franciscana, em voto de pobreza e simplicidade mas deste ponto de vista onde me encontro, apesar de reconhecer que de facto talvez o income financeiro não seja a prioridade, gosto de ter dinheiro para gastar no que considero importante, não dou abraços calorosos e cumprimento os demais com um sorriso e respectivo Bom…

    Quando me perguntam o que é afinal o Yoga a minha resposta tende para “aquele comportamento que te faz sentir uma pessoa melhor, que te faz querer agradecer cada dia ainda que reconheças os desafios, que te faz confiar que o melhor está por vir, enfim o yoga é como o amor, tem essa capacidade de mudar não a nossa vida, mas a forma como vivemos.

    Por onde pode começar…

    Não sei se isso realmente importa porque nem todas as pessoas querem começar mas, se a pergunta vem de um interesse pessoal em começar, começa por onde seja possível, desde que comeces, seja em aulas por youtube, podcasts, apps, livros inspiracionais, cartas de asana, ginásio ou aulas num shala o importante é começar porque de facto o Yoga tem um “quê” de magia que se sente como uma maior percepção de felicidade e serenidade que conduz inevitavelmente a uma vivência melhor, com nós mesmos e com os outros. E não há nada tão relevante como estarmos bem connosco, cheguemos ou não com o nariz aos joelhos ou o pé atrás das costas.
    Para aqueles que encontraram na prática desportiva a motivação e fonte para uma postura de bem estar com a vida o Yoga não traz uma alternativa mas um desafio extra, uma espécie de bem-estar pleno e consciente resultante de um conjunto de técnicas que simplificam a vida.

    Se já começaste e queres aprofundar ou levar mais a sério precisas de três coisas: (i) o método certo, que é aquele que te inspira mas que seguramente começa por ser algo disciplinado e devidamente orientado por quem sabe, (ii) instruções certas que apenas são possíveis se a pessoa que te instrui te conhece pelo teu nome próprio e (iii) compreensão certa que implica que consigas entender o que te é passado. As duas primeiras O PROFESSOR QUALIFICADO garante, a outra depende apenas de ti.

    [ Lara Lima ]

     

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