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Maio 2022

Escolher ser mãe

By | BELLY LOVE

Escolher ser mãe

Há cerca de dois anos, comecei seriamente a pensar em ter filhos. A relação com o meu companheiro estava mais segura e de boa saúde, e como tudo na vida, tinha necessidade de se expandir. A chegada dos 35 anos também estava iminente e apesar de conscientemente tentar não ceder a uma pressão da sociedade (que sempre me disse que a partir desta idade é mais difícil), senti me suavemente empurrada para a questão de ser mãe.

Por essa mesma altura, estava empenhada no ativismo ambiental. Desde pequena que me foi transmitida a preocupação com o ambiente. Ouvia a minha mãe falar de encontros ambientais, participei num clube do ambiente na escola (encabeçado pela minha mãe), e vi-a a lavar e a secar pacientemente sacos de plástico para serem reusados. Apesar de ter sido sempre uma questão presente em mim, procuro ainda hoje uma forma de agir sobre ela.

Há cerca de três anos, essa forma era participar em protestos, daquele sonoros, que berram, e que nos dão a plena consciência do quão difícil é uma mudança de paradigma. Em Washington DC, onde vivia, ajudei a preparar e executar protestos de rua que bloquearam o trânsito na esperança de sermos ouvidos. A consciência da urgência em adotarmos medidas drásticas de combate ao aquecimento global era a nossa força.

O conhecimento científico é claro, se não agirmos drasticamente agora para abrandar o aquecimento global, veremos cidades debaixo de água, ondas de calor mortíferas, tempestades devastadoras, secas e a extinção de milhões de espécies.

E porque não agimos enquanto sociedade para evitar tudo isto? Ou pelo menos, abrandar? Não sei. Talvez a visão do apocalipse seja demais para a nossa compreensão e consequente ação. Talvez a velha história da rã que não sai da panela. Talvez o dia a dia seja já demasiado sufocante e castrador para muitos.

A verdade é que nas várias ações de rua em que participava era claro o empenho de poucos e a inércia de muitos. Por muito empenhados que fossemos, por muito que puséssemos o nosso coração naquelas palavras de ordem, os protestos deixavam-me um sabor amargo pela sensação de que eram inúteis, que caiam no esquecimento, que nunca tinham verdadeira consequência.

E eis que me deparei com o dilema: estou pronta para pôr um filho num mundo em que a lógica me diz que está condenado? Tenho medo da culpa que poderei sentir quando o meu filho, já adulto, se deparar com um mundo arruinado. Lidar com a culpa tem sido um dos meus maiores desafios como mãe. Se já me sinto culpada com coisas pequenas, como esquecer de lhe dar as vitaminas, tenho medo de como me poderei sentir com o sofrimento dele face a um mundo fustigado por calamidades contínuas e pela violência que lhe virá associada.

Então porque decidi no final ter o meu Gabriel? Não sei. Costumo ser daqueles seres irritantes que têm por hábito oferecer respostas e soluções para tudo. Mas neste caso…não sei. Terá sido instinto? Otimismo? Incapacidade para imaginar uma vida sem filhos? Ou simples teimosia? Talvez. Sei que não fui capaz de abdicar desta experiência. Houve qualquer coisa dentro de mim que falou mais alto.

O Gabriel tem agora 10 meses. Na loucura do pós-parto afastei me destas questões, que só agora estão a retornar. Uma coisa aprendi, os filhos são uma força enorme para nos fazer mudar. Com ele começo de novo e tenho a oportunidade de deixar para trás hábitos que não me servem mais. Além da consciência diária que ele aprende através dos nossos exemplos. Li em tempos que um dos argumentos a favor de ter filhos face à calamidade ambiental era precisamente a certeza que os pais tudo fariam para dar um futuro para os filhos. Hoje não duvido desta premissa, e acredito nesse amor como uma força capaz de mudar o mundo. Resta a esperança e a consciência diária de que o Gabriel aprende comigo o que significa não desistir.

 

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Palavras de Laura Bastos que mais do que aluna BmQ é uma amiga de coração cheio e entregue ❤️
Acompanhamento Belly Love – Pré e Pós Parto

AMA – A Raiz da doença

By | ALIMENTAÇÃO, DAILY AYURVEDA

O exagero da importância que damos à comida e o desinteresse que prestamos ao alimento é a principal razão por nos sentirmos tão vazios de Essência. 

É importante seguirmos por uma reeducação alimentar global e serena o que não se deve impor ou substituir à responsabilidade de ser seguido individualmente por um profissional qualificado. 

Quando falamos em ALIMENTAÇÃO AYURVEDA falamos de uma forma consciente de entender a relação que temos com o Mundo e com a própria existência. 

  • Quem somos?
  • Que partes de nós queremos alimentar?
  • Que partes do Mundo queremos saborear?
  • Que partes do Mundo nos abstemos de manter por perto ou dentro de nós?
  • Quais são as minhas reais necessidades? 

Respeito o Mundo e a mim mesma respondendo às minhas necessidades ou sou vítima dos meus desejos e aversões? 

Comer deve ser visto, antes de mais, como um acto sagrado de alimentar a expressão de vida que sou através da entrega de outras formas de vida, num ciclo externo de transformação da forma.

O QUE COMEMOS É…
… o potencial bruto do que somos.

A FORMA COMO COMEMOS É…
…a energia que enaltece.

A DIGESTÃO…
…sublima o alimento naquilo que somos. 

Percebes agora a importância de sacralizar o alimento?

Sacralizar o alimento vai muito além de entoar um mantra ou dar as graças. 

Sacralizar um alimento acontece a partir da tomada de consciência sobre a escolha e confecção do alimento e a promoção de SATWA para alimentar a força de acção e coragem necessária à mudança que trará a firmeza, paz e serenidade que o corpo e a mente equânime necessitam. 

Essa verdadeira forma de Ser e Estar em plena ECOLOGIA PESSOAL define a verdadeira Saúde.

Agora que já percebeste o princípio do alimento é importante perceberes o dilema entre o alimento que nutro e o alimento que envenena.

 

O resultado do alimento que envenena tem o nome de AMA, a Raiz da Doença.

Ama é, para a Ayurveda, considerado a raiz da doença e é o resultado de não digestão e/ou má digestão de tudo o que chega ao nosso corpo através dos 5 sentidos. Seja alimento denso ou mais subtil. 

Ama inclui também a digestão de emoções (Ama mental). 

Quando o alimento, seja de que fonte for, chega ao organismo e não é corretamente digerido ele fica estagnado no nosso corpo fermentando e produzindo biotoxinas – Ama, que influenciam a nutrição e decorrente funcionamento das nossas células, tecidos, orgãos podendo levar ao aparecimento de doenças. Daí ser tão importante reduzir o Ama.

Quando Ama é digerido, o Agni – fogo digestivo melhora, e todo o corpo funciona em plenitude podendo sublimar as causas de sofrimento denso e permitindo aceder a outros níveis de consciência.

Como isto acontece?

Quando o Agni funciona correctamente, as toxinas não permanecem no corpo; a mente e os sentidos são mais aguçados, pensamentos mais claros e decorrente dessa harmonia sentes uma boa energia vital. 

Sabes que estás em desequilíbrio se existe rigidez mental, letargia ou sonolência, alterações do sistema gastro-intestinal como distensão abdominal, diarreia ou obstipação.

Em caso de desequilíbrio, o sistema digestivo vai sentir as suas consequências, visto que leva a um Agni comprometido. A digestão fica afectada, o que tem como consequência a acumulação de componentes mal digeridos no intestino, que poderá afectar outros orgãos, dando origem a doenças graves. 

O Agni alterado pode ser muito quente, levando inclusive a infecções, muito fraco, não conseguindo cumprir as suas funções conforme necessário, ou flutuante (muito quente num momento, muito frio mais no outro), mas seja qual for a alteração em Agni, esta leva ao aparecimento de Ama.

Lara Lima
Fundadora do método BmQ
Sócia e Formadora da AMAYUR – Associação Portuguesa de Medicina Ayurveda (amayur.org)
Formadora reconhecida pela YOGA ALLIANCE
Terapeuta Ayurveda Sénior
Doula Ayurveda
Professora Sénior de Yoga