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YOGUI LIFE

YOGUI LIFE – Aprendiz de Yogui

By | YOGUI LIFE

Aprendiz de Yogui

Já se sentiram tão assoberbados com o dia-a-dia que ficaram totalmente agitados, disparando ‘balas’ para todos os cantos e esquinas, só depois reparando onde acertaram?

E quando olham para trás e veem o que fizeram, sentem-se mal porque era completamente desnecessário ter aquela atitude e chega alguém e faz um reparo à situação passada e ficam ainda mais irados e volta a correr mal. E isto continua, neste registo, até que há um ‘iluminado’, sim, porque há sempre um destes à nossa volta, que diz: ‘Devias era fazer uma meditaçãozita, sempre ficavas mais calmo!’ Se já estávamos prestes a partir para a Lua, sem foguetão, tripulação ou fato espacial, nesse momento é: ai! E é aí que percebemos que estamos mesmo mal. Que temos de arranjar uma maneira qualquer de nos despirmos de todo e qualquer papel que desempenhamos e ficarmos só nós. ‘Talvez a meditação possa, de facto, ajudar!’, pensamos. ‘E não deve ser assim tão difícil, há montes de coisas na net sobre o assunto.’ Pois sim….

Eu procurei e encontrei! Agora, tenho de dizer que fácil não é. Até poderia rir se não achasse que era uma situação com potencial de tragédia grega.

Este fim de semana, na continuação da minha busca pelo conhecimento junto dos meus professores, foi dedicado ao desenvolvimento de técnicas que permitem meditar e à meditação.

Sábado à tarde foi-nos dado a conhecer a técnica de Antar Mouna, uma técnica que nos permite afastarmo-nos da nossa mente. Ficar, ou será ser silêncio? Foi-nos pedido que nos deitássemos confortavelmente, que puséssemos uma manta em cima de nós para não sentirmos o frio que se instalaria e eu fiquei maravilhada. ‘Ai, que bom! Relaxamento, é mesmo o que estou a precisar’. A professora começa a indução, oiço atentamente e aí é que são elas! O coração dispara como se estivesse frente a frente com um leão prestes a atacar. O silêncio dentro da minha cabeça é ensurdecedor. Uma autêntica viagem dantesca pelo espaço que é a minha mente. Uma sensação de vou sair do meu corpo, temperada com um ‘Nem penses nisso, Ana Catarina! Tens é que fugir daqui! Foge, foge, foge a toda a velocidade!’ Fez-me lembrar quando tive o meu segundo filho e me virei para a enfermeira, que ficou boquiaberta, e lhe disse: ‘Deixe-me ir embora! Fique cá você a fazer o parto, mas eu tenho de sair daqui!’ E nessa altura, ri de tão patética que era a minha situação. Antes e agora! E deixei-me ficar e absorver o que me estava a ser dado. Apesar dos conflitos internos que o silêncio traz, permiti-me afastar-me um pouco deles, só um pouco, porque estão tão colados a mim que parecem lapas, e ficar em silêncio, usufruindo deste na sua plenitude.

Após este silêncio, fizemos uma meditação com o professor. Desta vez sentada, com a manta em cima de mim, que eu estava gelada da experiência anterior. Consegui, com mais facilidade e acho até que com certo alívio, olhar para os barulhos da minha mente e dizer-lhes: ‘Já sei que estão aí, mas eu não tenho vontade de me juntar a vocês. Fiquem aí, façam a vossa viagem e eu fico só aqui!’ Correu bem melhor. A sensação de ser só eu, de não ir em nenhum dos ‘barcos’ que passavam carregados de listas, situações e pessoas é plena de significado, empoderando-me de mim mesma. No final da nossa aula, sentia-me não só gelada como um calipo, mas calma, capaz e esgotada. Há já muito tempo que não dormia a sesta, mas este sábado aconteceu e, caso não me tivessem acordado para jantar, tinha sido direto até às 5:30 de Domingo. O que é que isto quer dizer? Não sei! Sei que me soube bem! Sei também que vou ouvir a gravação desse sábado e vou fazer de novo. O que irei sentir? Depende, se realmente já me consigo afastar das pessoas que sou no dia a dia.

No domingo… Eu disse que foi o fim de semana dedicado a isto, não disse? Cheguei uns minutos atrasada à aula e não ouvi toda a explicação do que iríamos fazer. Vi os colegas preparados e pensei: ‘Boa, meditação novamente!’ agarrei na mantinha, já aprendi qualquer coisita do dia anterior, sentei-me e vamos lá!

Pelo amor de Deus!!!!! Quem é que consegue ficar quase 1 hora sentada, sem se mexer, ao mesmo tempo que aceita os pensamentos, listas, etc que aparecem, mas não se deixa ir com eles?

Lá estávamos nós, guiados pelo professor, e de repente: ‘Ai, que dor na coluna! Tenho que me ajeitar.’ E no segundo que o faço, oiço do outro lado um calmo ‘Não mexe!’. ‘Ups! Concentra-te! Respira para a dor! Tu consegues!’ mais um bocado e ‘Ai, a minha perna esquerda está a ficar dormente! Só mexê-la um bocadinho para aqui… Ah, muito melhor!’ do outro lado: ‘Não mexe!’. Dói o pescoço, ‘Não mexe!’; Dói a coluna novamente ‘Não mexe!’; Comichão na ponta do nariz ‘Não mexe!’; Dói a unha do dedo grande do pé direito, ‘Não mexe!’; Perna direita fria, dormente, com a sensação de estar o dobro do tamanho. ‘NÃO MEXE!’ Acaba a ‘revisão’ do corpo e eu penso: ‘Pronto, já está! É super difícil, mas já acabou!’ Pois sim… Logo de seguida, o professor diz ‘Visualiza, mentalmente, o topo da cabeça!’ ‘Socorro! Outra vez, não!’. Chega ao fim e volta ao início. Simplesmente, ‘Não mexe’! Ao menos é uma variação do ‘Salta, deita, rebola, pede biscoito’ do dia-a-dia. Às páginas tantas, qual concentração, qual carapuça! Eu já só pensava ‘Não mexe, o raio! Se eu ficar assim muito mais tempo vou cair dura no chão que nem tronco de árvore. Vai saltar-me a perna direita, de certeza! Que neeeervoooos!!!’ Eu já chamava por todos os santos e demónios quando, finalmente, o professor acabou o Vipasana.

Hoje, olhando para todas as experiências do fim de semana pergunto: Porque é que foi tão difícil concentrar-me? Ficar? Só ficar?

Talvez, porque o que nos leva a desistir de tudo o que é difícil é o apercebemo-nos que temos de lidar com os nossos monstros, conhecê-los, dizer-lhes ‘Olá!’ e aprender a gostar deles. Não sei qual é a resposta certa, sei que estou para ficar e só me resta dizer: ‘Obrigada pela oportunidade!’

Ana Rodrigues
Formação Ayurveda Yoga 2021
Método BmQ

YOGUI LIFE – O lugar do Yoga na agenda 2021

By | YOGUI LIFE

O LUGAR DO YOGA NA AGENDA2021
“O YOGA ESTÁ NA MINHA AGENDA COMO FISIOTERAPIA”

São diversas as motivações para iniciar uma prática de Yoga mas o grande desafio surge com relação à agenda. As pessoas raramente procuram um Professor específico ou um método quando estão a iniciar a “prática”. As pessoas procuram horários compatíveis com a agenda pessoal, profissional e familiar o que torna o início da prática desafiante e a criação do hábito uma miragem. Como colocar mais uma tarefa na agenda num momento em que a agenda pessoal, profissional e familiar perderam as linhas que separam as horas e toda a agenda é um borrão gigante intervalado por linhas de corrector que apagam planeamentos ultrapassados numa velocidade desconcertante?

A prática é cada vez mais promovida em formato “DIY”, através de vídeos de Youtube ou redes sociais o que condiciona a possibilidade de ser personalizada para as motivações e idiossincrasias de quem a procura. Isto é especialmente “grave” para um praticante que está a iniciar e com necessidades específicas.

Já abordamos no texto do mês anterior que estamos muito longe da relação com a prática de outros tempos. Tempos em que o aluno buscava o Professor, ainda que do outro lado do globo e sem internet, tempos em que o aluno se ajustava à disponibilidade do Professor e seu fuso horário, tempos em que a prática era uma primeira pele e não um casaco pendurado entre tantos outros à espera de ser escolhido para sair.
A prática é actualmente, e cada vez mais, entendida como um extra, um capricho, um exercício como tantos outros e por isso facilmente substituível.

“As pessoas procuram horários compatíveis com a agenda pessoal, profissional e familiar o que torna a prática uma miragem quando agenda pessoal, profissional e familiar perderam as linhas que separam as horas e toda a agenda é um borrão gigante intervalado por linhas de corrector que apagam planeamentos ultrapassados pela velocidade das mudanças.”

Não escrevo de forma jocosa ou com qualquer tipo de pretensão que me coloque num patamar diferente. Não senhor, a minha prática “entra na minha agenda” (pessoal mas não familiar ou profissional, o porquê deste parêntesis já vão entender com a continuidade da leitura) e entra(va) com o nome dos meus Professores pelos quais tenho profundo respeito e presto incontestável reverência. Se a minha prática aparecesse na minha agenda profissional e familiar sem nome associado ou associada ao meu nome pessoal o mais provável seria não ser respeitada, por mim e demais.

Chegamos à questão que dá título a este texto – o lugar do yoga na agenda de 2021. Qualquer Professor de Yoga sabe da necessidade de adaptar os seus horários aos horários da sociedade que o procura. Qualquer Professor de Yoga cria horários no sentido de promover rotinas de prática pois é sobejamente reconhecida a importância das rotinas na criação e manutenção de hábitos.

Durante anos estas rotinas pareciam claras e “universalmente” aceites. Aulas desencontradas de 2f a 6f, duas ou três vezes por semana, e uma aula ao sábado geralmente destinada a práticas temáticas, tradicionais ou para quem praticava uma vez por semana. Quanto aos horários também apresentavam uma ordem transversal: aulas a meio da manhã, 09h30/10h, para os que trabalhavam por turnos, estavam de baixa ou reformados. Aulas ao final da tarde, 18h/19h, para quem saia dos empregos e ainda não tinha filhos ou tendo os miúdos já tinham maturidade par gerir actividades extracurriculares. Aulas ao início da noite, 20h/21h para pessoal com filhos pequenos que tinha de tratar do regresso a casa e só podia sair após banhos e jantares estarem orientados. Recentemente (4/5 anos) tinha ganhado protagonismo as aulas das manhãzinhas, 06h/07h, antes da família acordar onde o único desafio era saber quando terminar o dia.

Assim o Professor de Yoga, para sobreviver na sua profissão, teve de se reorganizar como tarefeiro e fazer os horários em função dos alunos e ainda ajustar o seu ensino a um bloco de tempo, altamente restrito, disponibilizado pelos alunos sob pena do mesmo não renovar a mensalidade.

Trazer a verdade para cima da mesa ou falar do elefante na sala não é desvalorizar a importância da agenda ou criticar a sua soberania perante a prática, trata-se sim de perceber que de facto a prática passou a ser usada como algo que nos serve em vez de ser algo que simplesmente “é”. Percebi isto quando uma aluna muito entusiasta, comprometida e dedicada começou a aparecer nas aulas num registo quase diário ao contrário do padrão de desmarcação constante em cima da hora a que me tinha habituado. Quando a parabenizei pela mudança de atitude e motivação intrínseca que trazia prioridade à prática respondeu-me “Lara, a minha motivação sempre foi a mesma e a prática é minha prioridade mas não a da minha secretária ou dos meus pacientes. Quando percebi isso, disse à minha secretária que tinha iniciado um plano de fisioterapia neste horário e de imediato, e sem questionamentos ou julgamentos, ela bloqueou a minha agenda. Os meus pacientes em vez de reclamarem passaram a preocuparem-se comigo e todos agora percebem a importância da minha fisioterapia. Está a correr tão bem que confesso que não tenho coragem para lhe mudar de nome.” Achei genial.

É fundamental sermos conscientes da importância da nossa prática, do que ela representa para nós mas também ter consciência do que ela significa para os outros que podem condicionar o meu à vontade por lhe arranjar tempo na agenda. A partir desse dia sugiro às minhas alunas, principalmente Mães – que parecem não ter direito a nada mais do que a uma militância familiar e profissional (sobre isto leiam o texto do mês de Fevereiro na coluna Belly Love), que usem nomes como depilação, ginecologista, fisioterapia, lavandaria, reunião importante, entrevista ou qualquer outro semelhante para tapar o lugar na agenda que se dedica à prática.

Como sabem sou Professora, pratico de forma diária e regular com Professores (falo no plural porque tenho diferentes professores para diferentes práticas e disciplinas) ainda assim são 11h00, acabei à poucos minutos a minha prática que gravei por motivos de svadyaya – estudo pessoal. Preciso vê-la e revê-la, principalmente nos dias em que a minha cabeça arranja argumentos, desculpas para saltar a prática. Preciso tomar consciência de que não tenho de me sentir culpada por ter este tempo para mim, ele é fundamental para a forma como me relaciono com o outros.

Como referi alguns parágrafos acima, é reconhecia a importância do planeamento para criar uma rotina de prática e por isso, idealmente a prática tem hora fixa e a minha hora ERA 4h. É fácil praticar às 4h quando a casa ainda dorme. Porém o condimento e o fecho das escolas trouxe uma nova tarefa à minha agenda. Uma tarefa que não ocupa 2h por dia em tele-escolas e aulas online. Uma tarefa que ocupa 8h porque há que contabilizar o tempo de preparação para a aula, o tempo de aula com interrupções constantes tipo: “oh Mãe o iPad está sem bateria”, “oh Mãe não consigo ouvir a Professora”, “oh Mãe não encontro o exercício que a Professora mandou fazer”, “oh Mãe tenho sede”, “oh Joana, porque não estás em frente ao iPad?”, “Maria a aula já acabou?”, “Joana porque estás a fazer desenhos em vez de participar na aula?” “Maria estás a tomar atenção ao que a Professora disse?”. E quando tudo parecia estar a fluir vem o intervalo e com ele novas interrupções: “Oh Mãe recomeço daqui 10m”, “oh Mãe vou fazer xixi”, “oh Mãe tenho fome”, “Joana tens a certeza que ainda estás no intervalo?”, “Maria já estou a ouvir a tua Professora”. Claro que têm horários desencontrados para as poder apoiar por isso estamos a falar de um período das 09h às 13h neste registo. Depois vêm os trabalhos da tarde e a oferta complementar, as aulas online de música, de ginástica e de natação (sim, porque a natação que até agora precisava de um tanque de água passou a ser possível ser realizada de forma virtual?!?). Juntem a isto o tele-trabalho e algumas consultas presenciais, escrever para blogs, preparar congressos, dar formação, responder a casos urgentes, mentoras, reuniões de equipa. Não vale esquecer o puto de 3 anos que corre pela casa, que quer agarrar todos os iPads, que chama pelas irmãs e não percebe porque estão em casa e não podem brincar com ele! Ainda assim existem coisas que mantenho de forma natural sem necessidade de as apontar na agenda (para já, enquanto o discernimento o permitir!): lavar os dentes, dar atenção ao intestino, comer, tomar banho e… praticar.

A minha prática tinha tudo para não existir se necessitasse de um tempo na agenda. Não há tempo e por isso a minha prática deixou de precisar de tempo na agenda e passou a estar incluída nas minhas rotinas. Têm sido dias desafiantes, não em mantê-la pois é uma parte de mim que pede a mesma atenção que as necessidades básicas fundamentais, mas em travar o julgamento mental. Procuro não me envergonhar, não pedir desculpa, não questionar se foi ou não o que eu queria que fosse. A minha prática tem hora fixa, excepto os dias em que muda de horário (perceberam a ironia?!) e não está na agenda.

A minha prática é interrompida por um alucinado número de pessoas que irrompe a minha sala e que desafia a um nível que nunca achei possível manter o meu foco e a minha concentração. A minha prática não é perfeita, não é a que eu desejo mas é a que posso fazer e como é tão desafiante hoje mais do que nunca não dispenso os meus Professores. Hoje mais do que nunca agradeço o investimento e disciplina de a ter integrada como uma ROTINA, não fosse isso tinha-a perdido certamente. Se tivesse perdido a minha prática tinha perdido parte de mim. A prática é a única constante dos meus dias, a única coisa que não muda e me traz algum conforto e segurança de que dia a dia algo se mantém. A prática é o meu relacionamento mais longo e algo que nenhum confinamento me pode tirar.

Como professora, creio que o meu maior dever é incentivar e entusiasmar a praticar mas não tem como isso acontecer sem compreender os desafios actuais e sublinhar a importância de mudar o paradigma da prática.
A prática não é uma ginástica, um exercício ou uma tarefa de agenda.
A prática é tempo para ti e não deve ser desvalorizado nem por ti, nem por ninguém sobre ti.

É preciso entender, compreender que estamos todos a passar, constantemente, momentos desafiantes e que se a prática não está integrada como uma rotina qualquer despropósito ou surpresa a vão condicionar. Todos os dias somos confrontados com novas circunstâncias sejam elas a pandemia, um pé torcido ou uma diarreia e todos os dias, todos, fazemos o nosso melhor para lidar com as adversidades, as surpresas. Cada momento é uma oportunidade para realizar uma nova aprendizagem, todas juntas trazem mais resiliência face àquilo que foge ao nosso controlo. Na verdade não controlamos nada, este momento apenas serve de aprendizagem mais intensa e bruta desta verdade. Na verdade a ansiedade que surge da falta de controlo não é fruto da pandemia, é fruto de quem és e por isso só tu podes terminar.

Vem saber mais sobre a IMPORTÂNCIA DAS ROTINAS NA SAÚDE FÍSICA E MENTAL, segundo o Ayurveda e a tua experiência pessoal. hoje mais do que nunca somos chamados a nos responsabilizarmos sobre a vida que queremos viver.

Lara Lima
Fundadora do método BMQ, formadora da AMAYUR
Formadora reconhecida pela YOGA ALLIANCE
Terapeuta Ayurveda Sénior
Professora Sénior de Yoga

    YOGUI LIFE | A Relevância de um professor

    By | YOGUI LIFE

    A RELEVÂNCIA DE UM PROFESSOR
    UM PROFESSOR É, EM PRIMEIRO LUGAR, UM ALUNO COM MAIS EXPERIÊNCIA. 

    São diversas as necessidades que motivam uma pessoa a iniciar uma prática de Yoga e cada uma dessas necessidades contém em si a pertinência do tema deste texto – a relevância do Professor de Yoga.

    Em tempos onde um clic dá acesso a um infinito número de aulas oferecidas por qualquer figura, em qualquer plataforma digital ou rede social, por valores irrisórios ou até gratuitos, a figura do professor de Yoga parece ter-se tornado totalmente descartável.

    A prática, agora reconhecida e promovida em formato “DIY”, como acontece aliás com qualquer coisa, está na moda. Se veio para ficar? Talvez.

    “A relação professor/aluno deixa de existir quando o aluno se posiciona como cliente e vê no professor não uma inspiração mas um prestador de serviços, igual a tantos outros disponíveis para o servir.”

    Estamos muito longe da relação de respeito professor/aluno descrita nos Vedas e durante tantos anos praticada. O professor, seja qual for a sua área, é visto actualmente como um prestador de serviços altamente dispensável e facilmente substituído e o aluno veste agora o papel de cliente que pretende estabelecer o valor do professor e a sua forma de ensinar. Enquanto a relação aluno/professor for vista como relação cliente/prestador predominará a insustentabilidade do sistema educativo e seguramente a transmissão do Yoga para além do asana. Principalmente porque ao Professor de Yoga não interessa ensinar asana mas ajudar o aluno a realizar a auto-transformação que o trará a um novo paradigma de Vida: Viver pleno e responsável pelas suas acções.

    • Qual a relevância de um Professor de Yoga na actualidade?

    O Professor de Yoga não é um arquitecto de asana que pretende deixar tudo lindo e alinhado. O Professor de Yoga está mais para engenheiro de obra que percebe o asana como espelho dos desafios, padrões e história pessoais que bloqueiam ou dificultam o caminho para o auto-conhecimento. Para ser Professor de Yoga não basta, apesar de ser importante, saber fazer e demonstrar a postura, isso seria altamente redutor e não muito diferente de um professor de ginástica, artes circenses ou BTS. Para ser Professor de Yoga há que conhecer a postura sim mas acima de tudo perceber o seu funcionamento na engenharia interior do corpo humano e enquadramento no corpo de conhecimento do Yoga. Há ainda que saber adequar o ensinamento à maturidade de quem o procura e ter a paciência e sabedoria de o transmitir ao ritmo de aprendizagem do aluno. Não basta ser versado em técnicas pedagógicas e didácticas e um pouco de psicologia comportamental. Para ser Professor de Yoga é necessário ter andado por este caminho, ter passado tempo neste caminho e sobretudo tê-lo feito com um bom guia.

    Ser Professor de Yoga não é uma tarefa tão fácil como parece. Ao ensinar novos professores de Yoga percebo que muitos deles não são sequer ainda praticantes. Na verdade muitos não são sequer alunos. O curso de Yoga serve nestes casos apenas como uma porta de entrada tão válida como as aulas regulares de Yoga. Não se trata de desvalorizar a formação de Yoga nem de enaltecer as aulas de asana, trata-se sim de deixar claro que o entusiasmo em aprender deve ser o grande motivador para iniciar a prática de Yoga. O que começou por um desafio ou necessidade vira rapidamente um encantamento e é bom que assim seja. Mas isso é apenas o início. Existem coisas que não se aprendem, não se ensinam e uma delas é a ser Professor de Yoga. Para ser Professor de Yoga é fundamental ser sobretudo um aluno, um aluno disciplinado na prática, no estudo, na exposição ao ensinamento e ter um Professor, num reconhecimento humilde de quem não sabe tudo e honestidade em relação àquilo que se sabe.

    Além disso, é desejável manter uma atitude de desapego perante o aluno, perante o acto de ensinar. O ensinamento não depende apenas de quem ensina, depende da disponibilidade de quem aprende. O processo não depende apenas do professor mas também do aluno e o aluno é uma pessoa em transformação. Todos os dias diferente, todos os dias livre. Nunca nosso.

    Um professor necessita também ele de um Professor. Um Professor que espelhe as armadilhas em que facilmente se cai. As armadilhas do auto-julgamento por “vestir” as expectativas, projecções e frustrações dos alunos. As armadilhas da auto-promoção por cair na ilusão da vida social digital que confunde a relação professor/aluno como uma relação cliente/prestador. As armadilhas do ego que nos fazem esquecer que somos alunos, pessoas normais que também estão no processo de ensino aprendizagem como aprendizes, tentando e dando o melhor de si como professores.

    Como professora, creio que o maior dever é incentivar e entusiasmar o aluno a praticar sem medo de se descobrir, de se transformar. Como “mãe” claro que me toca quando um aluno parte e procura outro professor mas como Professora de Yoga sei que fiz um bom trabalho porque o Yoga despertou, germinou e agora simplesmente mudou de lugar. Assim como uma planta às vezes precisa ser transplantada, mudada de sítio, apanhar uma outra luz ou ar, também alguns alunos precisam de mudar. Não reconhecer essa necessidade é esquecer o meu percurso como aluna e a minha responsabilidade como professora. Na verdade, todos nós como alunos almejamos encontrar o professor perfeito. Na verdade, todos nós como pessoas almejamos sempre mais do que o que temos no presente, olhamos sempre para a relva do vizinho como mais verde que a nossa e nesse momento pulamos a cerca, mudamos e acabamos por desvalorizar o que tínhamos. O tempo se encarregará de mostrar se essa mudança foi de facto necessária ou se foi uma muda, um trasplante precoce. A atitude perante essa constatação vai definir se, como alunos, perdemos o professor ou nos perdemos..

    • O que faz de um professor de Yoga o teu Professor de Yoga?

    Não é preciso estar muito atento para perceber que um instrutor de asana, um “self made asana teacher” pode ser uma boa oportunidade de contactar com algo que eleve a auto-confiança, a auto-estima e até dar o “boost” necessário para a responsabilização de uma prática física diária que higienize o corpo mas serão estas pessoas capazes de transmitirem técnicas e vislumbres do que seja essa experiência de realização através do Yoga?

    Os instrutores são importantes, eles abrem portas mas quando o Yoga despertar vais sentir necessidade de Professor que conheça a direção, reconheça o teu posicionamento e tenha a experiência e liberdade para te ajudar a caminhar sem fazer do teu caminho a sua conquista.

    Este texto não pretende apontar ou criticar escolhas, mas sim partilhar uma perspectiva pessoal sobre o empenho pessoal e profissional que vejo nos Professores de Yoga que dedicam as suas vidas, em exclusivo, ao estudo e partilha do conhecimento védico que traz sustento a uma prática séria, actualmente tornada salubre no conteúdo.

    A partilha de uma perspectiva actual de profissionais que durante anos foram reconhecidamente fortes alavancas de grandes mudanças e que actualmente são preteridos não por irrelevante impacto na vida de quem os procurou mas simplesmente por referência financeira ou popularidade nas redes sociais.

    A partilha de quem se preocupa em conhecer cada aluno como uma identidade pessoal, familiar e social única e percebe a sua acção com uma responsabilidade, um dever, que ultrapassa os limites da sala de aula.

    Encontrar um Professor de Yoga que conheça a tua história, te trate pelo teu nome próprio e se interesse genuinamente pelo teu processo e não apenas pelos 60 ou 90m de aula é de fundamental importância quando perceberes que para evoluir necessitas reconhecer e desafiar os padrões que geram em ti condicionamentos, constantes.

    Sou Professora de Yoga. Não sirvo interesses de clientes, sirvo o interesse sincero das pessoas que me procuram e me vêem como uma inspiração no seu caminho. Sou assim porque os meus Professores são assim também e neles encontro a minha inspiração. Eu, mas isto sou eu, jamais condicionaria a minha condição de aluna ao número de seguidores que têm nas redes sociais (alguns só agora têm redes sociais), às fotos que possam postar sobre a capacidade de fazerem alguma postura (não é esse tipo de inspiração que procuro neles), ao valor que definem como justo para a sua transmissão (mesmo que muitas vezes isso me condicione o número de práticas não condiciona a minha lealdade), os seus horários (e às vezes são mais de 4h de diferença).  O meu dharma é ser professora e vejo nesse dharma a responsabilidade incrementada de ser aluna pois só inspiramos crescimento no outro quando nos empenhamos na nossa própria aprendizagem.

    Lara Lima
    Fundadora do método BMQ, formadora da AMAYUR
    Formadora reconhecida pela YOGA ALLIANCE
    Terapeuta Ayurveda Sénior
    Professora Sénior de Yoga.

      YOGUI LIFE | Não precisas ser vegetariano, calmo, passivo e saudável para iniciar o Yoga

      By | YOGUI LIFE

      YOGUI LI

      YOGUI LIFE

      SEJA QUAL FOR O DESAFIO O YOGA AJUDA
      TABU: NÃO PRECISAS SER VEGETARIANO, CALMO, PASSIVO E SAUDÁVEL PARA INICIAR O YOGA

      Muitas pessoas descobrem o Yoga em algum momento de necessidade. Surge quase como um conforto, mas acaba por mudar a vida de forma natural e espontânea.

      Comigo aconteceu um pouco diferente.

      Desde que me lembro que tinha necessidade de me sentar no chão, andar descalça e mexer nos pés (o que irritava profundamente a minha Mãe) e fazer uns movimentos com o corpo que não sendo uma dança eram algo muito semelhante. Adorava brincar com a respiração e fazer movimentos com a barriga e os olhos que todos me diziam ser uma patetice. Uma vez viram-me a fazer a “minha cena” na praia e perguntaram “praticas Yoga com quem?”. Passei-me, o Yoga era para mim, na altura, uma seita ou religião e eu estava muito zangada com a religião em que fui educada e por isso compararem algo que me trazia manha tranquilidade com algo que me confrontava não era uma equação possível.

      Muitos anos passaram e “puro acaso” na UTAD, em Barcelona, a única aula disponível antes de começar a trabalhar era às 06h e como sempre gostei de acordar cedo não foi difícil a escolha. Era uma aula de Iyengar e a minha relação com aquela prática tornou-se uma linda história de amor. Daquelas em que nos apaixonamos e queremos falar a toda a gente, estar todos os dias, investir todo o tempo. Como qualquer relação de amor também esta tinhas as suas crises, questionamentos e contratempos mas nada que a abalasse verdadeiramente e o interesse crescia. tornara-se evidente que queria viver esta relação para sempre por isso tratei de a formalizar e tirar o meu primeiro curso de Yoga.

      Seguiram-se vários e em 2 anos estava a dar aulas, a fazer dos fins‑de‑semana a “semana” de estudo e não foi preciso muito mais tempo para abdicar da minha carreira académica para me decidir a viver 100% com o Yoga.

      Tinha uma vida estável, uma carreira promissora e segura e um income financeiro muito confortável. Tudo isto associado à minha condição constante de pular entre interesses/paixões fazia com que família, colegas e amigos não acreditassem que era amor verdadeiro e tentassem destituir-me da minha decisão de largar tudo pelo amor ao Yoga. Já nada me satisfazia, o dinheiro, o reconhecimento, a carreira, os convívios sociais, o desporto e todas as invenções da indústria do fitness que durante alguns anos fizeram parte da minha vida profissional, nada servia.

      Confesso que actualmente a minha relação com o Yoga se transformou, fui Mãe, sou empresária, professora, terapeuta, mulher. O Yoga deixou de ter um lugar de destaque e enamoramento na minha vida e passou a fazer parte dela. Costumo dizer aos meus alunos que o Yoga é o meu relacionamento mais longo. tão longo que às vezes esqueço que está lá. Porque está sempre. Não me passa pela cabeça não acordar cedo para praticar nem deixar que o dia acorde antes de agradecer a sua chegada. Não me passa pela cabeça ler um romance ao olhar para a nova versão do Bhagavad Gita ou uma Upanishad. Não me passa pela cabeça uma vida diferente da que tenho e não, não sou “Shanti, shanti”, não dou a outra face quando me dão uma bofetada, não falo sussurrando, não tenho um ohm tatuado nem um japamala envolvido no pulso. sou vegetariana mas não como soja, tofu e não tenho especial afinidade com a evangelização do Yoga.

      “O Yoga não existe na minha vida para gerar conforto, apesar de o criar, o Yoga lembra-me todos os dias que a vida acontece aqui e agora.” Lara Lima

      Yoga não existe na minha vida para gerar conforto, apesar de o criar, o Yoga lembra-me todos os dias que a vida acontece aqui e agora. Que as dualidades existem e formam a unidade e que devemos fazer o que podemos a cada momento em vez de esperarmos momentos perfeitos para agir. E isso não é de todo, na maioria das vezes, confortável.

      Para os mais incautos o Yoga pode parecer uma filosofia demasiado cor de rosa, idealista, extremista, demasiado “namasté” e pouco real. Talvez, depende do ponto de vista mas falando desde o meu ponto de vista posso assegurar que o Yoga não existe na minha vida para gerar conforto, apesar de o criar, o Yoga lembra-me todos os dias que a vida acontece aqui e agora. Que as dualidades existem e formam a unidade e que devemos fazer o que podemos a cada momento em vez de esperarmos momentos perfeitos para agir. E isso não é de todo, na maioria das vezes, confortável.

      Para os mais atentos ao exterior o Yoga pode parecer um desafio circense de colocar o corpo em posições esquisitas com roupa desenhada em cenários paradisíacos mas, talvez devido à minha falta de atenção, posso assegurar que na maior parte dos dias a minha roupa não é slim e o cenário está entre um carro da patrulha pata e um estendal de roupa a secar.

      Para os moralistas o Yoga é uma filosofia (?!) que educa a mente a atingir um estado de calma no dia a dia que te faz ser a melhor pessoa do Mundo por não comer carne, cumprimentar com um namaste e abraço apertado e viveres uma vida quase que Franciscana, em voto de pobreza e simplicidade mas deste ponto de vista onde me encontro, apesar de reconhecer que de facto talvez o income financeiro não seja a prioridade, gosto de ter dinheiro para gastar no que considero importante, não dou abraços calorosos e cumprimento os demais com um sorriso e respectivo Bom…

      Quando me perguntam o que é afinal o Yoga a minha resposta tende para “aquele comportamento que te faz sentir uma pessoa melhor, que te faz querer agradecer cada dia ainda que reconheças os desafios, que te faz confiar que o melhor está por vir, enfim o yoga é como o amor, tem essa capacidade de mudar não a nossa vida, mas a forma como vivemos.

      Por onde pode começar…

      Não sei se isso realmente importa porque nem todas as pessoas querem começar mas, se a pergunta vem de um interesse pessoal em começar, começa por onde seja possível, desde que comeces, seja em aulas por youtube, podcasts, apps, livros inspiracionais, cartas de asana, ginásio ou aulas num shala o importante é começar porque de facto o Yoga tem um “quê” de magia que se sente como uma maior percepção de felicidade e serenidade que conduz inevitavelmente a uma vivência melhor, com nós mesmos e com os outros. E não há nada tão relevante como estarmos bem connosco, cheguemos ou não com o nariz aos joelhos ou o pé atrás das costas.
      Para aqueles que encontraram na prática desportiva a motivação e fonte para uma postura de bem estar com a vida o Yoga não traz uma alternativa mas um desafio extra, uma espécie de bem-estar pleno e consciente resultante de um conjunto de técnicas que simplificam a vida.

      Se já começaste e queres aprofundar ou levar mais a sério precisas de três coisas: (i) o método certo, que é aquele que te inspira mas que seguramente começa por ser algo disciplinado e devidamente orientado por quem sabe, (ii) instruções certas que apenas são possíveis se a pessoa que te instrui te conhece pelo teu nome próprio e (iii) compreensão certa que implica que consigas entender o que te é passado. As duas primeiras O PROFESSOR QUALIFICADO garante, a outra depende apenas de ti.

      [ Lara Lima ]

       

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      YOGUI LIFE | O início de um caminho que se faz caminhando

      By | YOGUI LIFE

      A PARTILHA DE UMA EXPERIÊNCIA QUE PREPARA PARA VIVER DE FORMA ECOLÓGICA

       

      Como já deves ter percebido, este Blog segue uma estrutura de publicações e abrimos hoje esta nova rubrica “YOGUI LIFE”.

      Esta rubrica, que sairá na última semana de cada mês, é em género de crónica pelo que se baseará em aspectos do meu percurso e experiência pessoal, ainda que nem sempre respeitando a sua cronologia, e numa linguagem simples e directa. Por se basear na minha pessoa encontrarão referência constante a textos e conceitos do Yoga e Ayurveda que estão profundamente integrados na minha Vida e dos quais não consigo dissociar a minha existência. A única diferença é que os acontecimentos mais recentes, de 20 anos para cá, são conscientes do corpo de conhecimento Ayurveda e Yogui enquanto que anteriormente eram apenas “loucuras” pessoais.

      Assim, como tudo o que está presente na Natureza, também eu sou formada por cinco elementos essenciais que se manifestam em mim (como em ti e tudo o que existe na Natureza) de forma única e exclusiva desenhando forma, traço de personalidade e metabolismo. A esta combinação única o Ayurveda define de PRAKRITI e de forma muito rudimentar ela é traduzida como dosha de origem (o que não é bem assim mas cujo esclarecimento ficará para outra rubrica).

      A motivação para escrever esta crónica é fruto dos elementos manifestados em mim: AKASH (espaço) e VAYU (ar) que me fazem fantasiar sobre tudo o que me acontece e ter grande vontade de partilhar; sobretudo porque o meu AGNI (fogo) faz-me acreditar que se me aconteceu a mim seguramente que é algo lógico e claro que acontecerá também a vocês (?!) e por isso será de vosso interesse a partilha (ou não); por outro lado, o elemento JALA (água) oferece-me uma excelente memória pelo que este caminho promete ser longo e o elemento PRTHIVI (terra) dá-me a estrutura e resistência para seguir partilhando por bom tempo.

      Apresentações feitas hoje inicio então um pouco sobre a minha história.

      Ter uma Vida Consciente começou, para mim, bem antes do Yoga fruto de um grande questionamento que sempre me fez parecer chalupa em frente ao espelho, estranha aos meus semelhantes (que como crianças e adolescentes logo trataram de me gozar) e altamente impertinente perante os mais velhos. Não passou muito tempo até me tornar consciente de que não estava bem com a minha Vida nem a minha Vida estava bem para quem me rodeava (bom, este segundo momento só aconteceu quando fui para a faculdade e comecei a ter Vida própria, seja lá o que isso for). Parecia que o que quer que fizesse, fazia errado: relacionamentos errados, escolhas erradas, palavras ditas de forma errada, palavras ouvidas distorcidas da intenção original, enfim, a minha pegada ecológica era gigante mesmo que fosse acérrima fã da reciclagem, vegetariana, activista na Greenpeace e devorasse todas as revistas da National Geographic.

      Na verdade passei quase 20 anos a viver como se fosse um E.T no fundo de um poço e estava decidida a mudar. Foi aí que descobri a necessidade de uma Ecologia Pessoal, longe ainda de saber o que isso significava de forma clara e objectiva. Naquela altura tratava-se apenas de ter uma vida com o menor impacto negativo possível sobre o que me rodeava. Felizmente, neste percurso cheio de visitas a psiquiatras e psicólogos, apenas um se aventurou a me prescrever algo (o que no final de um blister resultou numa ida para o hospital terminando assim a minha relação com a medicação) existiu sempre uma motivação interna de muito silêncio e recolhimento (graças ao Kapha que existe em mim), muita vontade de conhecer e aprender (graças ao Pita em mim) e muita criatividade e sensibilidade (trazidas pelo meu Vata agravado) para “inventar” terapias desde “escrita criativa” (inúmeros diários com esquemas, desenhos, textos, grafismos), “yoga” (um conjunto de movimentos corporais que mesclavam dança, ginástica e acrobacia), “pranayama” (brincadeiras com a respiração e muita vontade de reter a respiração até desligar e redescobrir o ligar de novo).

      Sou de facto obrigada a usar o “cliché” : “o Yoga existe na minha Vida desde sempre”. Contudo, curiosamente (para quem não me conhece) a palavra Yoga ouvida e sugerida por outros era para mim como mastigar algodão, uma exemplo perfeito de arrepio e aversão. Principalmente na minha adolescência, momento da Vida em que claramente Pitta se posiciona com mais força e esse tipo de prática não era para mim forte e estruturada o suficiente para que valesse a pena sequer me aproximar das “seitas” e “freaks” que a representavam na minha cabeça estereotipada.

      Felizmente, algo em mim falou mais alto e deixei-me ir na corrente de um movimento fluido porém rápido e intenso, como uma vaga de um tsunami que aparece do nada, acontece e sai deixando uma outra realidade que inicialmente parece apenas caótica e sem sentido.

      Foram 10 anos tipo bola de uma máquina de pinball, atirada para uma catadupa de vivências que alimentavam uma trajectória de acontecimentos aparentemente sem lógica ou relação: viagens, acontecimentos e pessoas surgiram de forma instantânea até me conduzirem de forma bem suave ao corpo de conhecimento teórico e experiência do Yoga e Ayurveda Tradicional. Quando dei por mim já não havia forma de voltar atrás, eu era já outra pessoa e CONSCIENTEMENTE o Yoga e o Ayurveda estavam agora integrados em mim, como uma marca de nascença que só agora fora descoberta.

      Como todos os  que vivem o Yoga e o Ayurveda, também eu não os sinto ou uso como meio, como uma profissão ou tão pouco como um conjunto de diplomas, livros ou blocos de notas que uso em tempos de dor. Yoga e Ayurveda são a minha Vida e por isso senti desde logo a necessidade de partilhar criando um espaço para acolher pessoas que sentissem os mesmos desafios que eu nas suas vidas e vontade de intervirem sobre ela. Naturalmente surgiu o BmQ, fruto de um monte de sincronias sem as quais nada seria possível.

      Mais um cliché: “o que tem de acontecer acontece quando tem de acontecer”.

      Naturalmente, em menos de 5 anos o BMQ cresceu e acolheu, graças ao apoio dos meus Professores e Equipa de Anjos, pessoas tão ilustres como: Dr. Rugue, Dr. Avinash Lele e Dra Bharati (fundadores do Internacional College of Ayurveda), Dr. Subnash Ranad (actual presidente do ICA), Dr. Mandar, Dr. Gunvant Yeola, Gunesvara Das, Pedro Kupfer, Tomaz Zorzo, Anand Zorzo, Dany Sá, Miguel Homem, Lu Andrade… sei lá, tantos e tantos.

      Mas (momento para mais um ou dois clichés) “tudo tem o seu tempo”, ou como prefiro “tudo muda a todo o instante”, e momento actual que vivemos trouxe a necessidade de nos reinventarmos. Não curiosamente ou fruto do acaso, como muitos lhe gostam de chamar, o momento veio apenas permitir tudo o que já se cozinhava nas mentes criativas que me acompanham fazendo deste momento um momento altamente criativo, produtivo e transformador.

      É esta alegria e entrega ao principio criativo Universal que me fascina e me faz chamar a esta rubrica a YOGUI LIFE. Aquele que de facto caminha com Yoga e Ayurveda, não os usando como mero meio, caminho ou ferramenta, percebe com alegria a Vida como uma viagem constante, atravessando caminhos de terra batida e auto-estradas com a mesma tranquilidade e leveza pois é desta pluralidade que surge a unidade. Por outro lado, o Ayurveda mostra que durante esta viagem vivemos num constante processo de troca não havendo perdas nem caos, quanto muito uma ordem desconhecida.

      Apresentar-vos as minhas descobertas nesta caminhada a que chamo VIDA, e que se faz caminhando, pretende ser uma partilha humilde e respeitosa. Algo que me faz sentir bem. O vosso feedback, “like”, comentário ou partilha do texto nas vossas redes sociais ou entre a vossa rede de amigos é uma oportunidade para perceber se a partilha é apenas um desejo do Ego (só me fazendo sentido a mim) ou de facto uma vontade cuja realização traz em si mesmo um preenchimento interior.

      Finalizo esta crónica com uma grande aprendizagem desta caminhada, talvez a que me traz mais alegria e por isso Saúde e Paz:

      “A melhor medida da Partilha é a Alegria da experiência que conduz à partilha.”

      (autor desconhecido)

      Fruto desta partilha surgiu o BmQ que diariamente se transforma, e também agora se está a transformar num método com diferentes programas, para diferentes pessoas, em diferentes momentos.

      A nossa missão é ajudar e incentivar nos primeiros passos da caminhada ética de Viver, condição indispensável para que a Vida desperte para o seu potencial de plenitude e Paz numa transformação pessoal efectiva que se possa manter mesmo depois da sua conclusão. E isso, vai muito além da prática de asana semanal.

      Como tornamos isso possível?

      Em primeiro lugar temos consciência que este é um caminho de todos mas não para todos e isso deve ser claro e respeitado.

      Numa sociedade marcada pelo consumismo, mediatismo e imediatismo não há tempo para parar e pensar, não há tempo para escolhas conscientes. E se tudo isto não fizer sentido? Não, mais vale não pensar e deixar-me ir, afinal o relógio não pára.

      Até parar!

      Apesar de comum, não é preciso atingir o próprio limite para mudar. Não é preciso enfrentar um momento de queda evidente, quando o corpo parece já não ter força para responder às necessidades do dia a dia, ou já não tem de facto, e a mente já não consegue lidar com o acordar, chegando aos extremos do desânimo. Podes mudar agora, podes mudar a qualquer momento. Esta mudança não se refere à pseudo-mudança de introduzir novos comportamentos, tirar um pedaço ou órgão, tomar uns comprimidos, fazer umas aulas de yoga e meditação mas sim uma mudança efectiva de paradigma com total entrega e profunda consciência do tempo e investimento que a caminhada requer.

      Trata-se de mudar de Vida meus caros.

      O BmQ serve para todos os que verdadeiramente queiram e tenham disponibilidade para reassumir a responsabilidade pela sua própria saúde e interesse pela sua própria vida. Claro que existem muitas mudanças de direcção no caminho, paragens, inversões de marcha. O argumento comum da não continuidade de um programa cuja eficácia ele mesmo comprova é a falta de capacidade de concentração em Si – “A vida simplesmente aconteceu e quando dei por mim já estava muito longe do caminho que tinha escolhido. Perdi-me. Perdi o foco”, este é o testemunho comum de alguns pacientes e alunos.

      Sim, de facto a vida acontece e com ela muitas coisas que não controlamos. De facto existirá algo que controlamos? Não sei. O que sei é que da observação atenta aos detalhes do dia a dia pequenas mudanças surgem que rapidamente resultam em grandes transformações. Sei também que é fundamental termos alguém que nos motive e inspire a seguir mesmo nos momentos mais desafiantes, é fundamental pertencer a uma egrégora, há quem lhe chame tribo ou simplesmente familia. Nós chamamos BmQ.

      O propósito dos programas BmQ (BacktoLife, Belly Love, Ecologia Pessoal, Ayurkitchen, Challenges) é de te proporcionar ferramentas adequados à tecnologia interna inata que tens e te permite uma existência orgânica/ecológica e funcional logo uma profunda paz interior, firmeza e auto-controlo.

      Porém, aceder a esta tecnologia, que nos é inata, após tantos anos de “bugs”, “updates” e “bias” é tarefa  bem mais exigente que fazer um doutoramento ou obter qualquer grau académico uma vez que a mente se tornou indisciplinada e caprichosa. Trata-se de um processo de RE-EDUCAR a própria mente, aquilo que acreditamos ser e do qual acreditamos depender, e isso é algo que não se consegue apenas estudando conceitos filosóficos em livros e palestras ou praticando yoga e meditação 7h por semana.

      Este trabalho não é uma prática superficial nem em autonomia, é um trabalho que envolve um mergulho profundo nas dimensões internas da mente e da consciência. Para podermos dar este mergulho, precisamos de três coisas: (i) método certo, (ii) instruções certas e (iii) compreensão certa. É aqui que entra o BmQ.

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      info@bmqbylaralima.com (assunto: programa BACK2LIFE)

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